segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Om Koulsoum


Ídola do povo egípcio e de toda bailarina de dança do ventre, Om Koulsoum foi um ícone da música árabe.
Você pode encontrar diferentes formas de grafia para este nome. Algumas vezes Om é pronunciado como: Um, Umn, Oum ou Omn; Koulsoum pode ser visto como: Kulthum, Kalsoum ou Khalthoum. Mas, todas estas são versões fonéticas do mesmo nome. Om significa mãe, em árabe.
Om Koulsoum foi uma grande Estrela do Oriente. Nasceu em 1904, numa pequena vila, em uma família simples. Ela aprendeu a cantar em casa, com seu pai, líder religioso da mesquita local. Ele obtinha a renda familiar com suas apresentações em casamentos e outras celebrações, acompanhado de seus dois filhos: Om e seu irmão. Os três sempre trabalhavam juntos.
Em virtude de seu brilho próprio e sua voz forte e excepcional, Om logo se fez notada, transformando-se na atração principal do trio. Com o passar do tempo, a família conquistou a fama e passou a ganhar mais com suas apresentações, viajando cada vez mais longe. Aos 19 anos, Om e a família se mudaram para o Cairo, em 1923, cidade que era e é, até hoje, o centro dos negócios e do entretenimento, no Egito.
Sua voz foi imediatamente notada e aclamada pela imprensa. Porém, tendo sido considerada ainda sem instrução, Om dedicou-se aos estudos, com diversos professores de música, assim como poetas e a própria sociedade. Estudava para seguir os passos e as formas de comportamento de sua época, tomando como referência as senhoras de elite (público cativo nas casas em que ela se apresentava).
Na primavera de 1926, Om Koulsoum contratou pela primeira vez músicos profissionais para acompanhá-la cantando e, assim, eles então tomaram o lugar de sua família. Por volta de 1928, ela elevou-se ao topo dentro do "ranking" dos cantores profissionais do Cairo. Durante os anos 20 e 30, ela esteve na TV, gravando comerciais que lançaram seu envolvimento, que duraria por toda a vida, com a mídia em massa.
Seus anúncios comerciais lhe ofereceram segurança financeira e conforto. Logo, Om pôde ser seletiva acerca de suas oportunidades para se apresentar. Aceitava apenas o que lhe interessava. Ela foi uma sábia mulher de negócios, dispensando seu agente e tomando, em suas próprias mãos, a organização e decisão de seus contratos profissionais. Ela cultivou, cuidadosamente, seu público, o que a transformou numa figura familiar para todos eles.
O sucesso explodiu nas décadas de 40 e 50. Seu repertório se expandiu das canções românticas modernas para trabalhos neo-clássicos, baseados em costumes historicamente árabes, envolvendo nas composições música e poesia, recontando a vida. Esta música foi considerada genuinamente árabe e se tornou extremamente popular.
Problemas de saúde perseguiram Om Koulsoum toda a sua vida, afetando seriamente sua carreira em 1946. A preocupação com sua voz a levou a sofrer de depressão e, esta, se agravou no ano seguinte à morte de sua mãe, irmão e um sério rompimento amoroso.
Em 1949 ela passou a apresentar problemas com seus olhos, agravados pela forte iluminação nos palcos e na televisão. Sendo assim, ela decidiu usar óculos escuros em suas apresentações em público. Seguiu-se então um longo período em que sua saúde esteve comprometida, o que durou até 1955. O público considerou com compaixão seu afastamento, aceitando que sua estrela imutável era, de fato, um ser humano. Um dos nomes atribuídos a ela durante sua vida foi "Kaukab al Shark" (Estrela do Oriente). Ao invés de ser esquecida, ela se tornou ainda mais querida pelo público fiel e amoroso que acompanhava sua história.
Por esta época, Om iniciou sua parceria com o premiado compositor Mohamed Abdel Wahab. Em 1964, eles produziram aquela que seria uma de suas mais conhecidas canções no mundo todo: Ente Omri. Esta foi a primeira das dez canções que Mohamed Abdel Wahab escreveu para Om Koulsoum.

Durante os anos 50 e 60, ela expandiu sua atuação, transformando-se em porta voz de diversas causas ligadas à arte e à música. Ela solicitava ajuda governamental para a música e os músicos atuantes no Egito. Depois da guerra de 1967, ela iniciou uma série de concertos dentro e fora de sua terra, para angariar fundos para sua causa. Viajou extensivamente dentro do Egito e no mundo árabe, coletando contribuições e doando os resultados obtidos para o governo egípcio. Ela se tornou conhecida, então, como a voz do Egito.
Seus problemas de saúde se agravaram muito com a idade. Sua condição geral se deteriorou drasticamente em 1971. Seu último concerto aconteceu em dezembro de 1972. Em janeiro de 1975, Om Koulsoum sofre uma crise renal que a levou a morte em 3 de fevereiro daquele ano. Milhares de egípcios entristecidos acompanharam seu funeral.
Diz-se que seu repertório completo contava com cerca de 280 canções, com temas variados, envolvendo amor, patriotismo, religião e natureza. Usava tanto o árabe clássico quanto o coloquial. A maioria delas é tão famosa hoje, quanto era quando Om as apresentava para as multidões. Algumas das mais famosas para nós, bailarinas, são: Alf Leila we Leila, Ana Fintezarak, Ente Omri, Fakarouni, Leilet Hob e Lessa Faker.

Dicas para aula infantil


A Dança do Ventre usualmente é reconhecida por seu caráter feminino e delicado, por vezes transmitindo sensualidade e um ‘que’ que somente as mulheres mais maduras conseguem transmitir. Embora sempre com a intenção elegante e séria, ainda é possível perceber uma certa restrição quando se fala em Dança do Ventre para crianças.
Justamente pela idéia errônea de que esta dança sempre está associada à sensualidade, algumas pessoas não costumam ensinar esta para crianças, o que colabora para uma gama maior de mal entendidos sobre o verdadeiro significado artístico da dança do ventre.
Algumas escolas têm ampliado os seus horizontes e permitido a inserção de crianças nas aulas, mas ainda é preciso tratar com cautela este tema, pois quando se envolve criança fazendo aulas de dança, todo cuidado é pouco.
Independente da modalidade de dança escolhida, dar aulas para crianças  sempre envolve algo mais além da técnica. Crianças têm diferentes fases de desenvolvimento, perdem a concentração com facilidade e qualquer atividade que dure mais de quarenta minutos se torna enfadonha aos seus olhos. Portanto, a professora de Dança precisa ter além da técnica e didática, um carisma especial para tornar sua aula lúdica e também um conhecimento básico sobre o desenvolvimento infantil, que inclui emoções, fantasias, sexualidade e expressão.
O primeiro cuidado é criar turmas exclusivas para crianças, para que o ambiente de sociabilidade, esforços e resultados seja linear, o que qualifica a aula e otimiza o tempo.
Compreende-se criança, meninas a partir dos dois anos de idade, até os dez. A partir dos onze anos, é melhor desenvolver uma outra turma intermediária, dos doze em diante. Porque a partir dos dois anos a criança já é capaz de entender e cumprir regras, executar alguns movimentos e é a fase em que o lúdico é melhor assimilado e produz crescimento.  Já crianças dos sete aos dez, além de estar em desenvolvimento pleno, pode exercitar seu lado mais lúdico convivendo nas aulas com crianças menores e intercalar momentos de menina e mocinha, o que protege dessa atual ‘precocidade’ em termos de comportamento entre meninas, como por exemplo, meninas de apenas nove, dez anos que querem sair, namorar, maquiar-se e assim por diante. Então o primeiro ganho qualitativo em criar turmas exclusivas é essa troca de desenvolvimento e adaptação entre as alunas.
As fases do desenvolvimento, sempre seguem o ritmo que chamamos de ‘céfalo-caudal’ ou seja, da cabeça, tronco ao restante do corpo. Então haverá momentos de desafio para as crianças conseguirem exectar os movimentos com agilidade e no tempo certo, pois suas mentes entendem o comando, mas nem sempre o corpinho está pronto para reproduzí-lo, nesse fator que é importante o conhecimento das fases do desenvolvimento físico-motor e mental, para adaptar as técnicas e saber o grau de exigência de cada aluna.
A aula lúdica é basicamente uma aula que misture o ensino de algumas técnicas com momentos de lazer, como exploração do espaço da sala, diferentes ritmos e brincadeiras que trabalhem corpo e agilidade. Ao final do texto vocês verão algumas dicas, mas a princípio é preciso ter em mente que, para criar um ambiente lúdico em sala de aula é preciso que a própria professora se permita brincar, sorrir e voltar a ser criança.


Dicas Importantes:

  • Ao lidar com as crianças:


  1. Mantenha sempre o semblante calmo e responda sorrindo quando solicitada.
  2. Ao ensinar e demonstrar o que quer, seja firme, concentrada e imponha respeito.
  3. Para fazer correções, abaixe-se. Sempre fique de joelhos ou abaixada de forma que sua altura se assemelhe à da criança, para criar proximidade e empatia.
  4. Se for precisar tocar no corpo da criança para fazer correções, antes de tudo, peça licença e somente depois toque a criança.
  5. Quando precisar corrigir de modo mais severo, mantenha o semblante ‘frio’ e se preciso eleve a voz- mas não chegue a gritar, jamais!- se necessário, dê um ‘castigo’ pedindo à criança para ficar sentada durante a execução de um movimento e depois chame ela de volta de modo carinhoso, passando a mão na sua cabeça. O modo mais afetuoso entre professora e aluna é passar a mão na cabeça, isso demonstra proteção e proximidade. 


  • Sua Postura:  


  1. A partir do momento que você está na sala de aula, esteja atenta a sua postura. Deve sempre transmitir elegância e confiança. Isso inclui roupas limpas e criativas, cabelos presos ou soltos, mas sempre bem cuidados e com acessórios criativos. Você será um espelho da aluna, será copiada e admirada, por isso deve sempre manter um bom exemplo. Escolha um perfume que goste e esteja sempre com ele; se gostar de maquiagem, um brilhinho não fará mal e traz um aspecto saudável e não demonstra o cansaço durante a aula.
  2. Em aulas para turma infantil, a expressão que você deve demonstrar quando dança é de serenidade e por vezes, ‘meninice’, algo com sorriso e leveza. Expressões mais sérias ou ‘sedutoras’ devem ser restrita a turma adulta. Com crianças, deve-se ter todo o cuidado necessário para não estimular a sensualidade precoce. Esse mesmo cuidado deve ser observado nas posições e passos de dança, estes devem sempre ressaltar a criança, a alegria, a brincadeira. A aula é, antes de tudo, lúdica.
  3. Crianças se apegam com facilidade, portanto sua postura deve ser mantida dentro e fora da sala de aula. Ao encontrar as alunas fora do ambiente da Academia, estas devem ser tratadas com o mesmo carinho, ao menos um ‘oi’ sorridente, um afago na cabeça. Elas irão reparar na sua roupa, no seu namorado, no seu humor. Prepare-se. E Acostume-se.


  • Em Aula:


  1. Deve ser ensinado somente o básico da dança. As crianças ainda não estão no pleno desenvolvimento motor e nem mental, por isso é normal algumas dificuldades para executar os movimentos com exatidão ou recordar as sequências. Neste caso a repetição é sempre importante, mas de forma que não fique cansativo.
  2. Os temas musicais devem ser sempre animados- melhores músicas cantadas, folclóricas- e temas lentos e relaxantes quando você quiser impor um ritmo mais sereno nas aulas- relaxamento ou alongamento.
  3. Deve estar atenta sempre a postura da aluna, mantendo a coluna reta e um ‘eixo’ centrado em seu corpinho. No mais é o suficiente pela idade das mesmas. Os braços costumam ser ‘desgovernados’ e é natural, você deve apenas tentar ‘limpar’ ao máximo o movimento para que não fique muito caricato ou feio.
  4. Os exercícios com quadril devem se restringir aos oitos e redondos, twists mas sempre com carga leve. O shimmie deve ser dado com cautela, nada que exija demais. É comum a criança sentir dores ou pontadas na região do ventre e costela, quando acontecer, explique que é por causa do ar se movimentando no corpo e peça que a aluna se abaixe- e faça o mesmo junto com ela, para transmitir segurança.
  5. As crianças costumam trazer seu universo para a professora. Ouça com atenção, ou ao menos dê um sorriso, elas irão contar assuntos fora do contexto da aula, fazer perguntas, falar sobre seu universo particular, ouça, sorria e se tiver tempo entre na conversa, mas sempre volte ao tema da aula.
  6. É interessante antes de passar um movimento ou sequencia, treinar o ouvido da aluna. Faça isso batendo palmas no ritmo da música, depois os pés e somente depois ensine o movimento. Isso ajuda elas a reconhecerem o ritmo e traz o lúdico, elas adoram bater palmas e pés.
  7. Lembre-se sempre que é uma grande brincadeira. Utiize o espaço da sala, explore com elas. Mude a direção da diagonal, faça aquecimentos em roda, de pé, em círculo sentadas, caminhe pela sala, deitem....deixe a criatividade e a brincadeira fluir, isso garante uma aula leve e alegre.
  8. Sempre alongue no final, é importante para prevenir cãibras e dores posteriores.
  9. Deixe sempre um intervalo a cada meia hora- ou a seu tempo- para que elas bebam água- mas não em excesso- crianças se desidratam com mais facilidade e o horário é muito quente, permita descansos temporários.
  10. Os véus não devem ser utilizados como sequências ou aulas, porque são grandes e desproporcionais ao tamanho delas, mas podem ser utilizados como lúdico, um ‘refresco’ na aula, com corridas, e brincadeiras- sempre observando o cuidado para não tropeçarem.
  11. Elas têm uma facilidade incrível em executar ondulações com a barriga, deixe que façam isso, mas nunca por muito tempo. Você percebe que está exagerando quando elas reclamam.
  12. Troque sempre a ordem e posição das alunas, todas querem ficar perto da professora, permita que isso aconteça administrando da melhor forma. Sempre dê um jeitinho de fazer um afago na cabeça, dar um sorriso, jogar um beijinho quando estiverem concentradas ou na fila da diagonal- com todas- isso traz confiança e empatia.


  • Ao término da Aula:


  1. Elogie o desempenho de todas e pode terminar minutos mais cedo para dar tempo delas se calçarem, beber água, contar as novidades para você.
  2. Após todas prontas, aí sim abra as portas e veja de perto com quem estão indo embora, entregue somente aos pais ou responsáveis, observando se a criança está à vontade.
  3. Somente após todas terem saído - e se necessário esperar minutos junto á ultima aluna, espere. Há pais que se atrasam, se esquecem.... fique presente. E aí sim feche as janelas, desligue ventiladores, organize a sala ative o alarme e tranque tudo. 


Por Luciana Arruda

Modalidades e Estilos



  • Clássica Oriental

São músicas bem elaboradas e criadas para a dança do ventre. Maioria é orquestrada e possui diversos momentos dentro de uma única música, geralmente: introdução grandiosa, derback, taksim, folclore e grande finalização. Tem em média, de 7 a 12 minutos.

  • Pop

São músicas alegres, cantadas e executadas com instrumentos modernos (sem deixar de lado os tradicionais). É o tipo de música muito apreciado em restaurantes, festas e também para o início do estudo de dança, devido a sua alegria e estrutura mais simples, fácil de acompanhar.

  • Solo de derback

É a improvisação do músico ao torcar um instrumento de percussão chamado derback. É um desafio para a bailarina, que, ao acompanhar um músico, ao vivo, ela geralmente não sabe o que ele vai tocar, exigindo dela técnica, agilidade, criatividade e conhecimento dos ritmos árabes. O estudo do solo de derback perpassa pelo conhecimento dos ritimos, dos movimentos de quadril (shimmies, tremidos, acentos secos e outros), aliado a solos gravados em CD, para familiarização. Depois, é o momento de alçar vôo, fazendo seu solo de derback com músico, ao vivo.

  • Taksim

É uma improvisação melódica de um único instrumento (flauta, acordeom). São peças em geral mais lentas, que pedem da bailarina muita delicadeza e domínio dos movimentos sinuosos e arredondados. Mas, o verdadeiro taksim pede, em primeiro lugar, a entrega da bailarina, ou seja, que ela, ao dançar, consiga interpretar a música, com sentimento e introspecção. É um momento intimista, solitário, com pouquíssimo contato visual com o público. Por isso, é que muitas vezes, podemos assistir bailarinas que nem tem tanta experiência e nos emocionar ao vê-las dançar um taksim, em detrimento de outras, experientes, que não conseguem mais expressar seus sentimentos de forma verdadeira, já que se entregaram ao fator comercial da dança.

  • Danças folclóricas

São as danças oriundas de várias regiões do Oriente e contam a história de seu povo, de suas tradições, costumes e guerras. Podemos elencar algumas como: Said, dabke, dança do pandeiro, hallige, meleah laff, zaar, dança do candelabro e outras. Para dançá-las, a bailarina deve, antes de tudo, conhecer a história, a roupa adequada e quais passos típicos são utilizados. Tudo isso vai ser fundamental para a interpretação da bailarina, que, terá que transmitir toda uma herança cultural oriunda de cada povo.

  • Mix

Recurso muito utilizado em concursos e festivais de dança do ventre, no qual é feito uma edição de uma música para que ela fique com o tempo permitido para apresentação, ou mescla-se trechos de músicas em uma só, para garantir momentos de impacto e/ou variações dentro de um curto espaço de tempo e prender a atenção do público.

  • Licença Artística

É quando escolhemos uma música que não é da tradição árabe e utilizamos os movimentos da dança do ventre. Podemos utilizar musicas dance, rock, mpb, new age e tudo mais que a sua imaginação permitir. Também é permitido “brincar” com o traje, misturando estilos ou algo que tenha a ver com a música. Evite esse tipo de apresentação para públicos tradicionais ou eventos contratados (a menos que seja solicitado). A licença artística deve ser dançada com público que entenderá a proposta, se possível, avisado disso.

Dança Indiana


A Índia é um país fascinante, cheio de mistério e misticismo, onde não há separação entre o sagrado e do profano, integrando assim os opostos - espírito e matéria. 
O hinduísmo, religião quase predominante da Índia funde a divindade e o sagrado do sexual. As principais divindades hinduístas são: Brama (o criador), Vishnu (o conservador), e Shiva (o destruidor), também chamado de Nataraja (o Senhor da Dança) que cria, destrói, e recria o universo. 
A Dança é uma das riquezas mais peculiares deste país, baseada no "ciclo divino. Com um deus especial para a dança, logicamente que parte dos fiéis selebram a vida da mesma maneira, diferenciando-se neste aspecto com o restante dos povos do mundo, pois esta cultura é, principalmente, expressa através dos movimentos corporais.
O primeiro tratado desta dança de origem divina chama-se Natya Shastra (Natya deriva de "nrta" = dançar) onde apresenta as encenações, pela dança, de mitos e lendas como forma de orientação do povo. 
O principal ensinamento fala que o corpo inteiro deve dançar, seguindo códigos de gestos para o corpo, membros, rosto, movendo desde a cabeça, olhos, pálpebras,sombrancelhas,nariz, lábios e queixo, além de diversos gestos das mãos - os mudras. 
A dança clássica indiana possui cinco estilos coreográficos: 

  1. Bharata Natyam: originou-se no sul da Índia, em Madras, dançado usualmente por mulheres acompanhadas por músicos. A apresentaçào divide-se em seis partes; alaripu ( a invocação), jatisvaram (dança pura), shabdam (canto com mímica), varnam ( exaltação das paixões), padam (canto de amor a divindade) e tillana (figura e poses de movimentos abstratos). 
  2. Kathakali: (originou-se em Kerala, é a representação de poemas épicos hinduístas, a mulher não participa, os próprios homens a representam). 
  3. Kathak: surge no extremo norte, apresentado por homens ou mulheres através da mímica, dança e canto. Os temas versam sobre os momentos épicos da história da Índia ou sobre Krishna. 
  4. Manipuri: surge na Índia Setentrional, usam movimentos sensuais e graciosos que simbolizam a harmonia entre todas as formas de vida. 
  5. Kuchipudi: baile-drama representado originalmente por homens vestidos de mulheres que interpretavam histórias de Krishna. 

Homens e mulheres têm diferentes estilos de dança, mas utilizam das energias tandava ( forte, masculina) e lasya (delicada, feminina). Assim, todo dançarino precisa ter dentro de si tanto o feminino, quanto o masculino para que aja equilíbrio na dança da vida. 
Como tudo na Índia remete a algo espiritual, esta dança pode servir não só como exercício para o corpo físico, mas também o mental e espiritual. Segue uma dica para os amantes da dança, explorar as maravilhas da Índia!


  1. por Tati Gomes 

O Zaar

É uma dança de êxtase, praticada no norte da África e no Oriente Médio, não aceita pelo Islamismo. Ele é melhor descrito como sendo uma "cerimônia de cura", na qual utiliza-se percussão e dança. Funciona também como uma forma de compartilhar conhecimento e solidariedade entre as mulheres destas culturas patriarcais. No Zaar, a maior parte dos líderes e dos participantes são mulheres. Muitos estudiosos têm notado que, embora a maioria dos espíritos transmissores sejam masculinos, as "receptoras" geralmente são mulheres. Isto não significa que os homens não participem das cerimônias Zaar; ele podem ajudar na percussão, no sacrifício de animais, ou fazer as oferendas. De fato, em algumas culturas praticantes do Zaar, são observadas tendências em se inserir uma participação masculina maior, nas quais ele, mais do que cooperador, busca tornar-se o líder. Atualmente ocorre uma proliferação de grupos de culto no Sudão, além de uma diversificação nos tipos de Zaar.

Bailarina X Músico


  • Solo de Derbake

 Para se dançar um solo de derbake com qualidade é preciso que haja uma interação entre o músico (derbakista) e a bailarina. Essa interação ocorre quando ambas as partes tem um estudo e um conhecimento aprofundado do que estão fazendo.
A bailarina necessita de um ótimo conhecimento de diversos ritmos arabes, bem como suas variações, seus floreios, suas diversas velocidades, suas utilizações e etc.
O músico necessita de um ótimo conhecimento sobre os mesmos parâmetros, tendo a consciência de que a música será levada por ele, ou seja, ele tem a maior parte da responsabilidade do número a ser apresentado, pois se algum erro ele cometer, a culpa irá para ele e não para os dois. (o erro da bailarina é notado apenas por especialistas e profissionais, o do músico é notado por qualquer telespectador).
A bailarina tem que estar preparada para qualquer improviso ou floreio do músico, pois o mesmo, sola de acordo com a sua imaginação e conhecimento.

  • Diferença entre Solo no Brasil e Exterior:

O que vou contar agora pra vocês é um conhecimento que adquiri nos meus estudos de videos, e também com meus amigos da área musical. 
O solo de derbake aqui no Brasil na sua composição, brincadeiras, e etc, é semelhante aos solos do restante do mundo. (digo semelhante pois cada região tem sua característica, seu estilo de tocar, que com um pouco mais de conhecimento, e estudo é possível ser identificado apenas pelo toque). 
Mas, o modo como se realiza o solo é o diferencial.
Aqui no Brasil as bailarinas estão acostumadas a dançar o que o músico toca. No exterior é diferente. Lá, elas dançam para eles tocarem. Não é o máximo? 
Exige muito mais técnica e percepção e conhecimento de dança do músico e deixa a bailarina mais a vontade para criar a seu gosto e estilo.
Eu, particularmente, adoto nos meus solos um pouco do estilo dos dois. Do Brasil e Exterior. 
Como as bailarinas não estão acostumadas a dançar para a gente tocar, eu começo a tocar, mas, sempre atento as marcações das mesmas, e assim, dou um toque a mais nas minhas apresentações.
Não é a toa que sempre eu escuto: "nossa, vocês ensaiaram?" porque fica tão natural, ao conseguir pegar uma marcação da bailarina, que parece ter sido ensaiado. 
Uma dica para as bailarinas: não ensaie solo de derbake ao vivo. é muito mais bonito e muito mais gostoso de se dançar ao vivo um solo , quando é no improviso.

Por Pedro Françolin
Músico Árabe

Anatomia e Cinesiologia aplicadas à Dança do Ventre


Kinein. Do grego, mover.
Logos. Do grego, discurso sobre um conhecimento.
Cinesiologia é o estudo do movimento, de suas implicações e estruturas.
Tornar o impossível possível, o possível fácil, o fácil elegante e esteticamente satisfatório. -Moshe Feldenkrais 

As estruturas coluna, quadril e pé são muito importantes na prática da dança, sem comentar as outras como a cintura escapular, as articulações dos pulsos, das mãos e dos dedos, largamente utilizados em movimentos de ondulações diversas.
Na dança, o andar é aplicado de forma contrária ao do ciclo da marcha, em que o calcanhar contata a superfície do chão e em seguida, o apoio é transferido para o metatarso. O andar na meia ponta alta proporciona um ar de elegância, principalmente se o apoio é realizado do metatarso para o calcâneo, quando se utiliza o pé inteiro no chão.
É igualmente necessário compreender como ocorre o processo cinesiológico do corpo ao dançar. Não pensamos em como funciona nossa movimentação quando estudamos o corpo na dança. É preciso notar a movimentação pélvica na dança, e o impacto que esta causa na coluna.
Na marcha natural, existe um movimento sutil onde uma ligeira rotação pélvica diminui a ondulação vertical, na qual a pelve oscila sobre o eixo da coluna lombar. Quer dizer que, durante o passo, o grau de compensação da pelve diminui o ângulo, entre a pelve e a coxa, e a perna e o solo. Isso significa que ocorre uma inclinação pélvica, um leve balanço. Podemos dizer que a perna de apoio sofre uma adução, e, que a perna em movimento, uma adução muito leve, estando fletida no quadril e joelho, para se erguer da superfície e iniciar um novo ciclo.
Na Dança do Ventre, isto ocorre de forma mais intensa, solta, e, ou, forte, em relação aos eixos do corpo. O shimmy na articulação do quadril ocasiona uma oscilação muito maior sobre o eixo da coluna lombar em que a pelve se movimenta. A inclinação pélvica é ainda maior no caso do Shimmy Soheir Zaki, e também temos uma adução considerável da perna de apoio.
A flexão do joelho durante a fase de apoio é imprescindível na marcha comum. Muito mais na Dança do Ventre. Na marcha comum, o joelho se estende quando o calcanhar toca o solo, iniciando a fase de apoio para a perna, e o corpo se desloca sobre o seu centro de gravidade com o joelho fletido, passando sobre o pé e o joelho, gradualmente, estendendo-se novamente, até uma nova extensão no fim da fase de apoio. A flexão aqui não é uma flexão grande.Trata-se apenas do relaxamento da articulação.
Na Dança do Ventre o deslocamento ocorre de forma contrária. Parte-se com o joelho levemente estendido com o metatarso tocando o solo, deslocando o corpo sobre o centro de gravidade, relaxando o joelho, quando o pé inteiro toca o solo.
É muito importante notar que se a conjugação de movimento entre joelho e tornozelo, relaciona-se com a ondulação da pelve na marcha normal, na Dança do Ventre isso acontece de forma mais visível. Na marcha comum, durante o apoio do metatarso, o tornozelo realiza uma planiflexão e gradualmente flete, em sentido plantar, para se estabilizar no chão enquanto o corpo se aproxima do centro de gravidade e o quadril tem tempo para se estabilizar novamente. Como na dança aplicamos o andar inverso, ou seja, da ponta para o calcanhar, obtemos maior leveza e uma diminuição de peso considerável para que a pelve ondule livremente numa amplitude maior.
A atividade muscular possui, então, um papel de grande importância para a realização do deslocamento, pois trabalham juntos, os músculos da coluna, quadril, abdômem e perna.
É importante a conscientização de que tipos de movimentos e posturas do membro inferior afetam pelve e coluna. Podemos observar concretamente que todos os músculos, mesmo as cadeias musculares mais distantes deste ponto, são solidários, auxiliam uns aos outros, para a realização de uma marcha.
Uma outra coisa extremamente importante é a influência do estado psico-emocional no comportamento da estrutura.
Fazendo notar, que o estado psico-emocional de uma pessoa pode alterar a maneira como ela anda e utiliza o próprio corpo, podemos citar Feldenkrais, que disse certa vez "A única coisa que você pode mudar é a maneira como você faz o que você faz". Isso nos leva a pensar que a musculatura funciona através do hábito. A cada repetição de um movimento, o corpo se organiza e vai assumindo uma configuração específica que vai se confirmando no tempo.
Uma má mecânica da unidade pélvica na prática do shimmy, por exemplo, devido a uma prática inadequada ou excessiva, e o emprego contínuo e exagerado de forças, provoca desequilíbrios e sobrecargas anormais, gerando dor no quadril, joelho ou coluna.
Desenvolvem-se síndromes e patologias em função do uso excessivo, das sobrecargas nas articulações, e a pessoa começa a sofrer restrições nos movimentos, fraquezas musculares e dores, que prejudicam o equilíbrio e o controle postural na dança.
Dentre as patologias que podem ser desenvolvidas estão a bursite, a lombalgia e a tendinite, que provocam dor, que pode ser sentida na parte lateral do quadril, podendo descer lateralmente pela coxa, indo até o joelho, ou ainda pode ser sentida na virilha, ou ainda ao redor da região dos ísquios ou lombar; e o desconforto pode ser sentido após um longo período, ao ficar de pé, assimetricamente com o quadril afetado elevado e aduzido, com a pelve caída sobre o lado oposto, ou ainda com a realização de flexões de quadril ou na posição sentada, e também durante a realização de um exercício que provoque extensão excessiva enquanto a musculatura estava se contraindo: e a execução de shimmies mal compreendidos, deslocamentos mal estruturados, ondulações da coluna que exijam um preparo que não foi respeitado ou desenvolvido, podem, infelizmente, levar ao desenvolvimento destas patologias.
Compreendamos que um ato mecânico, aparentemente simples, pode ser tão complexo, que envolve articulações, músculos, centro de gravidade, equilíbrio, sistema nervoso central e periférico, vida psicológica e emocional. Lembremos também que a postura está intimamente ligada à auto estima.
Vamos terminar este artigo com Moshe Feldenkrais, que expressou uma idéia muito aplicável a respeito do que é possível e impossível fazer: "Tornar o impossível possível, o possível fácil, o fácil elegante e esteticamente satisfatório".
“Atenta à como faço, posso descobrir como eu manipulo os meus ossos e os meus músculos no espaço, para onde eu direciono as diferentes partes do meu corpo durante uma ação”. (...)
"Quando penso num movimento que me parece impossível de ser realizado, na verdade o que me falta é imagem corporal prá este movimento. Me falta repertório para executá-lo, ou não consigo perceber como posso me organizar para que o movimento se torne possível.
Explorar todas as possibilidades, decidir que partes do meu corpo devem ser ativadas, quais devem ser inibidas. Prá onde devo direcionar cada parte, errar, acertar, repetir, ir clareando o percurso do movimento. Até que a ação seja construída. Mas o movimento ainda é difícil, confuso, sem a qualidade dos movimentos cotidianos. Então eu coordeno a respiração, garanto a ausência de esforço, vou me sentindo bem e satisfeita com a qualidade da ação que descrevo. Posso então lapidar ainda mais, descobrir como suavizar mais, como fazer este movimento com uma qualidade que me encha de prazer. E sentir que me aproprio da minha ação".

Por Luciaurea Faruk

A Prática da Dança do Ventre

O problema de muitas mulheres é que viver gera experiências e algumas veces estas experiências geram marcas. Marcas ficam registradas, sejam elas boas ou ruins.
Os registros destas marcas ficam arquivados na memória consciente e subconsciente, que, na tentativa de aliviar o sistema do indivíduo, os transfere para diversas partes do corpo.
O corpo armazenou estas informações em si, gerando couraças e respostas somáticas que se cristalizaram com o tempo na mulher.
A mulher. Ansiosa. Tensa. Inflexível. Rígida. Infeliz... Doente.
A dança do ventre ou dança oriental como prática  proporciona inúmeros benefícios que a mulher pode contar. A começar pelo conhecimento do próprio corpo, a consciência corporal, que geralmente é desprezada nesta fase, é aqui, tratada com prioridade.
 As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas, motoras, criativas e comunicativas são ampliadas. O reconhecimento da identidade, a sensação de acolhimento que a dança do ventre trabalha, diminui sintomas psicossomáticos, o medo da morte e o medo da solidão.
Proporciona motivação, contato com experiências próprias desta fase da vida.  Por trabalhar a relação íntima entre movimento e emoção, desperta uma linguagem corporal espontânea. A prática da dança do ventre, também pode ter efeito ansiolítico e antidepressivo para a mulher.
Todos estes benefícios são possíveis, porque a dança do ventre aplicada para todas  idades trabalha com recursos variados, tais como a música, o silencio, as vibrações produzidas pelo corpo, cores, palavras e imagens. Ela privilegia movimentos livres, espontâneos, próprios de cada praticante.
O processo-aula favorece a manifestação destes benefícios:
  • O aquecimento pode ser passivo ou ativo, com exercícios primários básicos, como o contato com o chão, a exploração dos sentidos e do espaço, a percepção do movimento respiratório, a noção de eixo corporal.
  • A prática dos movimentos da dança pode acontecer em dupla, grupo ou individualmente, envolvendo a movimentação de acordo com o ritmo da música, ou ritmo interno da própria praticante.
Ela tem a liberdade, de criar a partir disso, um padrão próprio de movimento, respeitando sua essência. Na fase do relaxamento, a praticante tem a oportunidade de reconhecer seu controle sobre o tônus muscular e perceber a diminuição de sua atividade cerebral.
Nesta etapa podem se manifestar danças espontâneas para depois, a aluna se deitar ou sentar, ouvindo uma música ou ainda seguindo um relaxamento dirigido.

A prática da Dança do Ventre na 3ª Idade


  • O problema de muitas:

Viver gera experiências. Experiências geram marcas. Marcas ficam registradas, sejam elas boas ou ruins. Os registros destas marcas ficam arquivados na memória consciente e subconsciente, que, na tentativa de aliviar o sistema do indivíduo, os transfere para diversas partes do corpo. O corpo, armazenou estas informações em si, gerando couraças e respostas somáticas que se cristalizaram com o tempo na mulher.

A mulher. Ansiosa. Tensa. Inflexível. Rígida. Infeliz... Doente. 


A Dança Oriental como prática na terceira idade, que preferencialmente chamo de melhor idade, proporciona inúmeros benefícios que a mulher pode contar. A começar pelo conhecimento do próprio corpo, a consciência corporal, que geralmente é desprezada nesta fase, é aqui, tratada com prioridade.
As potencialidades sensoriais, sensitivas, perceptivas, cinestésicas, motoras, criativas e comunicativas são ampliadas. O reconhecimento da identidade, a sensação de acolhimento que a Dança do Ventre trabalha, diminui sintomas psicossomáticos, o medo da morte e o medo da solidão. Proporciona motivação, contato com experiências próprias desta fase da vida.
Por trabalhar a relação íntima entre movimento e emoção, desperta uma linguagem corporal espontânea. A prática da Dança do Ventre, também pode ter efeito ansiolítico e antidepressivo para a mulher.
Todos estes benefícios são possíveis, porque a Dança do Ventre aplicada para a melhor idade trabalha com recursos variados, tais como a música, o silencio, as vibrações produzidas pelo corpo, cores, palavras e imagens. Ela privilegia movimentos livres, espontâneos, próprios de cada praticante.
O processo-aula favorece a manifestação destes benefícios: o aquecimento pode ser passivo ou ativo, com exercícios primários básicos, como o contato com o chão, a exploração dos sentidos e do espaço, a percepção do movimento respiratório, a noção de eixo corporal.
A prática dos movimentos da dança pode acontecer em dupla, grupo ou individualmente, envolvendo a movimentação de acordo com o ritmo da música, ou ritmo interno da própria praticante. Ela tem a liberdade, de criar a partir disso, um padrão próprio de movimento, respeitando sua essência.
Na fase do relaxamento, a praticante tem a oportunidade de reconhecer seu controle sobre o tônus muscular e perceber a diminuição de sua atividade cerebral. Nesta etapa podem se manifestar danças espontâneas para depois, a aluna se deitar ou sentar, ouvindo uma música ou ainda seguindo um relaxamento dirigido.
Há também de se considerar as causas do porquê a fase do envelhecimento ser tão dolorosa para muitas pessoas, tais como estilo de vida, atitudes mentais que geram padrões de resposta afetiva, que por sua vez geram respostas somáticas, revelando uma espécie de reação em cadeia, onde os sistemas do corpo estão interligados.
A Dança do Ventre pode se constituir numa alternativa para diminuir ou cessar esta reação em cadeia, porque ela possibilita à mulher que a escolhe, uma decisão em reabilitar-se holisticamente.
No aspecto orgânico ela tem a oportunidade de melhorar o funcionamento e o desempenho de seu sistema respiratório, cardiovascular, endócrino e neuromotor. No aspecto psicológico ela começa a sentir-se útil para si, e, neste ponto, ela se revaloriza, aumenta sua auto-estima, se dá crédito, confia em si mesma e em suas capacidades, respeita seus limites, respeita-se como é, e reorganiza sua auto-imagem corporal.
A Dança do Ventre é principalmente vantajosa para a mulher da melhor idade. Pois ela já viveu as alegrias e mágoas que a vida lhe permitiu sentir, ela carrega consigo uma bagagem de conhecimentos que coloca a mulher jovem em desvantagem na dança. A mulher na melhor idade, tem experiências que a mulher jovem não possui, por isso mesmo, sua sensualidade, trabalhada e reconhecida na dança, é mais envolvente, magnética e pura – ela vive a Anciã.

Artigo retirado do livro "Metaforma e Movimento" 

domingo, 30 de outubro de 2011

A Origem dos Címbalos na Música Árabe


Vamos aqui tentar desvendar alguns dos  mistérios que envolve os Snujs, através de uma análise geral e histórica dos címbalos e sua importância no âmbito da música árabe.
O Sistro - Instrumento de percussão religiosos composto por 6 címbalos ( total de 12 pequenos pratos rústicos ) Acredita-se que os Snujs derivaram desse antigo instrumento ritualista egipcio.
Primeiramente, devemos procurar entender o que realmente significa um címbalo:
Segundo consta nos dicionários modernos, címbalo significa pratos. Desta maneira, o címbalo corresponde a cada um dos dois discos de metal sobrepostos.
Por exemplo: os Snujs são compostos por 4 pratos, que formam 2 címbalos (dois pratos em cada mão). O Daff ou Riqq, é um instrumento que possui 5 címbalos duplos, ou seja, 10 címbalos que totalizam 20 pequenos pratos.
Qual seria a importância dos címbalos na antiguidade egípcia? Comprovadamente, o som produzido por címbalos está diretamente relacionado ao sagrado, ao religioso. É o mesmo objetivo dos sinos das igrejas, ou seja, quando tocados, conduz as orações dos fiéis até ao mundo divino.
Estudiosos acreditam que, inicialmente, a música árabe seria destinada aos cultos e adorações em honra aos deuses egípcios.
Gravura egípcia que mostra um harpista sendo acompanhado por Sistros, tocados por sacerdotisas.
Bem, segundo dados históricos, o "Sistre" ou "Sistro" foi certamente o primeiro instrumento de percussão árabe dotado de címbalos que surgiu no Egito antigo. A prova esta estampada claramente em milhares de esculturas e pinturas de templos e tumbas faraônicos.
Os egípcios denominavam o Sistro de Sechechet, que podia possuir duas formas diversificadas.
Em algumas descobertas da Arqueologia, como a tumba do faraó Tutankhamon, foram encontrados diferentes Sistros, compostos por címbalos de bronze bastante rústicos.
O toque do Sistro, geralmente, estava relacionado ao ato de clamar por proteção divina, e sempre era tocado por mulheres (sacerdotisas). Abaixo saberemos o porque desta razão.
No âmbito da religiosidade, o som produzido pelos címbalos representava o clamor de bênçãos à deusa Hathor (Deusa da Beleza, da Música, das Danças e, também, da Fertilidade).


  • Címbalo datado do período romano - Museu Britânico

Conforme nos explica os egiptólogos, Hathor, tendo sobre sua cabeça uma lua cercada por chifres, representaria o princípio feminino (beleza) e a fertilidade.
Aqui podemos entender historicamente um dos motivos pelo qual os Címbalos são considerados  um acessório indispensável à Dança do Ventre. Lembramos, aqui, que a Dança do Ventre está ligada ao princípio da fertilidade da mulher. A Dança exalta o privilégio de ser mulher e sua dádiva de procriar, como bem nos ensina Shahrazad Sharkey.
O Sistro ainda é usado na música árabe ? Não ! Na música árabe moderna sua utilização fora abolida, porém, em países como a Etiópia, sua utilização ainda é possível em rituais e cerimônias estritamente religiosos.


  • Pandeiros com címbalos.

Acreditamos que a primeira geração de "pandeiros" que apareceram no Egito não possuíam címbalos. Certamente o Daff ( Riqq para os Egípcios) e o Bendir com címbalos (Mazhar), são desdobramentos que surgiram posteriormente, o que evidentemente representa um aprimoramento dos instrumentos de percussão.
Relêvo egípcio que mostra uma mulher tocando um Bendir ou Daff (sem címbalos). O Instrumento, conforme mostra a gravura, é empunhado pela mão esquerda e tocado com a mão direta (forma tradicional como são tocados os pandeiros árabes até hoje).
Se observarmos atentamente algumas gravuras egípcias, vamos notar claramente a predominância de pandeiros sem címbalos, o que reforça tal idéia supracitada.
O surgimento histórico dos pandeiros com címbalos tanto no Egito quanto em todo o mundo árabe, deve-se certamente a outras duas finalidades de sua utilização, ou seja, demonstração de alegria e ostentação rímica.
Ressaltamos que a utilização dos Snujs por uma Bailarina durante sua apresentação significa auto-afirmação de seu estado alegre e o convite à elevação de espírito (caráter não religioso), como também o pedido de proteção divina, intrinsecamente ligado à preservação de sua faculdade de procriar (fertilidade).


  • Os Snujs e sua utilização no Brasil.


Os Snujs (címbalos para os dedos) foram imortalizados no Brasil pelas mãos da notável Shahrazad Sharkey, durante suas apresentações de Dança.
Acompanhando a percussão de Fuad Haidamus, pioneiro da percussão árabe, Shahrazad trouxe a verdadeira técnica de sua utilização, figurando até hoje como a grande mestra no toque desse instrumento no Brasil e de sua utilização na Dança do Ventre.
Posteriormente, sua técnica passara a ser copiada e utilizada pela primeira geração de bailarinas que se seguiu, todas importantes precursoras na difusão da arte trazida por Shahrazad ao território brasileiro.

Vitor Abud Hiar 

A Dança do Ventre e a Idade


Há também de se considerar as causas do por que a fase do envelhecimento ser tão dolorosa para muitas pessoas, tais como estilo de vida, atitudes mentais que geram padrões de resposta afetiva, que por sua vez geram respostas somáticas, revelando uma espécie de reação em cadeia, onde os sistemas do corpo estão interligados.
A dança do ventre pode se constituir numa alternativa para diminuir ou cessar esta reação em cadeia, porque ela possibilita à mulher que a escolhe, uma decisão em reabilitar-se holisticamente.

  • No aspecto orgânico ela tem a oportunidade de melhorar o funcionamento e o desempenho de seu sistema respiratório, cardiovascular, endócrino e neuromotor.
  •  No aspecto psicológico ela começa a sentir-se útil para si, e, neste ponto, ela se revaloriza, aumenta sua auto-estima, se dá crédito, confia em si mesma e em suas capacidades, respeita seus limites, respeita-se como é, e reorganiza sua auto-imagem corporal.

A dança do ventre é principalmente vantajosa para a mulher da melhor idade. Pois ela já viveu as alegrias e mágoas que a vida lhe permitiu sentir, ela carrega consigo uma bagagem de conhecimentos que coloca a mulher jovem em desvantagem na dança.
A mulher na melhor idade, tem experiências que a mulher jovem não possui, por isso mesmo, sua sensualidade, trabalhada e reconhecida na dança, é mais envolvente, magnética e pura – ela vive a Anciã.

A Dança do Ventre como Dança Artística


A Dança do Ventre geralmente é vista no Brasil como uma dança cuja finalidade é a sedução. A bailarina dança para seduzir os homens e estes se divertem e admiram a beleza sensual de quem dança. Ela também costuma ser vista como uma dança que não necessita de técnicas e tampouco de qualquer conhecimento a quem quer realizá-la. Diz-se por aí que é necessário apenas um “rebolado” e muita sensualidade.
Mas ao contrário do que se imagina, atualmente no ocidente a dança do ventre pode ser considerada como dança artística, assim como o balé clássico, a dança moderna e o jazz o são.
Para a professora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) Mônica Dantas, a dança artística é aquela dança que envolve um espetáculo apresentado a uma platéia, que possui técnicas específicas de movimento, assim como criadores das obras de dança (os coreógrafos) e a profissionalização dos bailarinos. Neste sentido, a dança artística caracteriza-se como uma profissão.
Dança artística significa então, a dança que necessita de treinos, técnicas, ensaios, aulas, etc. Ou seja, aquela que requer um processo formal de aprendizagem, e, portanto, necessita de profissionais habilitados para o seu ensino e apresentação.
As platéias para as apresentações de dança do ventre encontram-se geralmente em restaurantes árabes, casas de chá, festas comemorativas como aniversários e casamentos, assim como festivais de dança em teatros.
Existem inúmeros movimentos desta dança, que são realizados tanto em deslocamento quanto posicionada; realizados tanto com o tronco como com o quadril – sendo que o princípio da dança do ventre é o isolamento das partes do corpo: quando se move o quadril, imobiliza-se o tronco e vice-versa. Os braços participam sempre como uma moldura para a dança. Para cada um desses passos existe uma técnica específica a ser aprendida, a qual possibilita a realização do mesmo.
Os movimentos são feitos sempre junto com uma música árabe. Não são todas as músicas árabes que se prestam à dança do ventre, assim é necessário que a bailarina saiba quais são adequadas para sua dança. Também há muitos ritmos árabes e, quem dança, precisa conhecer e dominar um número mínimo deles para que possa executar uma dança adequada a cada um deles (pois há danças folclóricas árabes que se utilizam de algum objeto, como por exemplo, a dança com a bengala, em que se dança somente com determinados ritmos e não outros).
As apresentações podem ser em grupos, em solos, duplas ou trios. Também as danças podem ter sido coreografadas previamente – pela própria bailarina que dança ou por outra-, ou podem estar sendo improvisadas por quem dança no instante de sua realização.
As profissionais da dança do ventre são professoras e bailarinas ou tão somente uma das duas. Entendendo-se que bailarina é aquela que realiza apresentações em público em troca de cachês. Mas o que se verifica é que a maioria das profissionais exerce ambas as funções.
A formação profissional em dança do ventre é um assunto pouquíssimo discutido e que apresenta ainda características e situações bastante informais.

  •     Não há um órgão fiscalizador que regulamente esta profissão. A maioria das bailarinas e professoras, depois de um determinado tempo fazendo aulas com outras professoras, consideram-se profissionais e dão início à sua carreira. Este preparo anterior à profissionalização varia muito de uma pessoa pra outra.
    Assim, pode haver professoras que se iniciaram depois de sete anos fazendo aulas, assim como aquelas que, passados dois anos como alunas já ministravam aulas e realizavam shows em troca de cachês.
Conclusões:
Seja para dançar a coreografia elaborada por outrem, seja para coreografar músicas ou improvisar danças, a praticante de dança do ventre necessita de muitos conhecimentos prévios, que incluem a aprendizagem de como se apresentar, das técnicas específicas da dança do ventre, de como coreografar e improvisar, conhecimentos da música e dos ritmos árabes, entre outros. Inegavelmente esses conhecimentos se adquirem através de aulas, treinos, estudos, ensaios, ou seja, através de um processo formal de aprendizagem da dança.
Assim, não cabe mais à dança do ventre o papel de uma prática corporal cujo objetivo é a sedução, e à qual não há necessidade de quaisquer conhecimentos. Ela possui conhecimentos e técnicas específicas, disponíveis e acessíveis no mercado, e, além disso, necessárias a quem quer praticá-la.
Ainda que sua profissionalização no Brasil se dê de maneira informal e que seja pouco discutida, ela caminha a passos lentos uma vez que ainda limita-se a poucos profissionais com formação específica e que são comprometidos com a qualidade da cultura corporal da dança do ventre. Profissionais que se preocupam com um preparo anterior à sua profissionalização, que sabem da necessidade de constante evolução, atualização e desenvolvimento de seus conhecimentos, que afastam desta dança características meramente sensuais, e que, portanto, garantem a qualidade da dança do ventre enquanto ensino e arte.

Referências Bibliográficas:
DANTAS, Mônica Fagundes. Toda mudança desse dia... uma dança. Uma abordagem histórica da dança artística. Coletânea do II Encontro Nacional de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Ponta Grossa, 1994.
DANTAS, Mônica Fagundes. Poéticas da Dança Moderna em Porto Alegre: Histórias inscritas nos corpos que dançam. Coletânea do V Encontro de História do Esporte, Lazer e Educação Física. Maceió, 1997.


Por Mariana Lolato

A Baladi e seu significado especial


Dizemos sempre que o "DUM"  é o coração do ritmo. Quando aquele se torna imperceptível, este perde sua vida, sua característica. Mas afinal o que significa a expressão "DUM"?
"DUM" é a nota mais grave do ritmo e a mais vibrante. É uma nota que precisa obrigatoriamente estar bem perceptível (não ser confundida com as outras notas) e clara (não estar sob efeito de eco ou excessiva reverberação acústica).
Dentre as inúmeras características importantes da nota do "DUM", podemos mencionar três:
  1. Auxiliar no reconhecimento do ritmo propriamente dito.
  2. Auxiliar no reconhecimento de seu compasso.
  3. Identificação do ritmo representado graficamente.
Uma pergunta que certamente mais aflige as Bailarinas seria qual o elemento primordial que identifica e diferencia "em caráter exclusivo" o tradicional ritmo Maqsoun do ritmo da Baladi.
Existem muitas respostas para tal questão, mas se fizermos uma analise mais minuciosa, veremos que a grande maioria não são por completo elucidativas. Vejamos algumas respostas:
  • Baladi possui 2 DUMs na sua frase, enquanto que o Maqsoun possui sempre 1 DUM.
Essa regrinha vale mais para sua forma anotada (gráfica) do que para sua forma tocada, executada (que é a melhor forma de se estudar o ritmo).
O "DUM" a mais inserido no corpo do ritmo da Baladi tem um caráter predominantemente simbólico, que vem representar a forma recomendada para seu andamento. O DUM duplo força-nos a executá-lo de maneira mais lenta,vagarosa, para assim atingirmos o resultado final, que é o de tornar sua execução mais  interpretativa, convidativa e sentimentalista.
Ao  contrário do que se costuma ensinar,  o Maqsoun quando tocado, ou seja, durante sua execução, não há obrigatoriedade  de sempre apresentar 1 DUM na sua forma estrutural.  O Maqsoun pode apresentar tanto 1 DUM quanto 2 DUMs ( a exemplo, vide obra discográfica "Ritmos do Nilo" do percussionista Hossam Ramzy).
Não funciona portanto ficarmos atentos ao ritmo tentando descobrir se ele possui um ou dois DUMs para, então, identificarmos se é Baladi ou Maqsoun. Essa prática pode nos induzir a erro.

  • Baladi é a versão mais lenta do Maqsoun.

Trata-se de um raciocínio eficaz mas simples. No manual "Curso Prático de Tabla Árabe", adotamos tal raciocínio porque não tínhamos a intenção de nos aprofundar um pouco mais no referido tema; é claro que há mais para se acrescentar.
Devido a alguns fatores que veremos mais adiante, recomenda-se que todo Baladi seja executado sob uma marcha mais suave, pois, se tocado de forma mais rápida,"pode" acabar tomando a forma do Maqsoun.
Relembramos que regra dos DUMs impera como uma constante somente na forma anotada ou cifrada. Se desejamos descrever em uma folha de papel o ritmo Maqsoun, por exemplo, devemos colocar um DUM apenas na sua forma estrutural. Já se a intenção for de descrever o Baladi, os dois DUMs devem estar presentes. Os dois DUMs só são característicos no Baladi na sua forma anotada ou cifrada e não "na forma executada, tocada".
Ritmo de Baladi, compasso 4/4   =      D
D TkT D TKT TK...
É muito comum certos percussionistas, ao executarem determinada  Baladi, apresentarem na primeira frase rítmica dois DUMs e na segunda 1 DUM. Há também outros trabalhos que mostram o ritmo Maqsoun com dois DUMs na sua forma estrutural ou, então, o ritmo Baladi sob um andamento mais rápido. Ora, será que isso pode ser caracterizado como um erro ou descuido do músico ? É claro que não!
O que entendemos por "Baladi" ou "El Balad"?
Para realmente compreendermos o que é uma Baladi e o que é o Maqsoun, devemos ir um pouco mais além de tudo o que fora aludido até agora. Há muitos textos confusos na internet que tentam explicar o significado da palavra "Baladi".  Vamos agora tentar descobrir o que realmente significa a "alma da Baladi".
Quando perguntávamos aos nossos avós qual o significado dessa expressão,tínhamos sempre a seguinte resposta: "Baladi é a canção que fala do lugar onde nascemos e da vida simples que tínhamos ali. ". Cabe aqui recordarmos também das cantigas infantis libanesas semelhantes a muitas outras conhecidas no Brasil como, por exemplo, " Ciranda cirandinha" ou "Atirei o pau no gato", que sempre possuíam em suas composições a palavra "Baladi".
Exemplo de homem de baladi: Simples, vivendo o cotidiano da cidade do Cairo ou de Beirute. É o homem da cidade ou da vila.
Baladi é a terra, o lugar onde nascemos. Também, na visão do libanês, é a lembrança e o orgulho que temos por nossa terra natal. Mas não é a lembrança e o amor pela nação inteira como, por exemplo, o Líbano todo; é o amor pela aldeia, pela região, pela cidade, pelo lugar específico onde nascemos e crescemos.  É a saudade de nossa casa natal e  o desejo de lá um dia poder voltar. Baladi é a nossa terra natal mais o orgulho que temos desse lugar. É também tudo aquilo que está diretamente ligado ao lugar do qual originamos, às nossas raízes mais comuns.
Muitos já devem ter visto em antigos vídeos, a grande cantora libanesa Fairuz se apresentar em trajes de uma jovem camponesa cantando sua vida inocente e seus desejos simples. Ela está representando  uma "mulher de Baladi".
O Homem de Baladi sempre se veste com roupas simples, do cotidiano; veste a roupa normal do dia-a-dia.
É importante observar que a expressão Baladi está bastante relacionada com aquilo que é simples, básico e comum.
Sabemos que o Maqsoun é o principal ritmo árabe. Desse ritmo se extraiu o ritmo de Baladi, ou seja, o ritmo simples tocado na nossa terra natal.
Ritmo de Baladi = Ritmo da nossa terra natal
Notemos que o ritmo da Baladi exige maior interpretação ,mas, sem muitos floreados. As nuances sonoras são mais suaves e convidativas à recordação. É um ritmo simples, que representa a terra natal do árabe.
Maqsoun é muito tradicional em casas de espetáculos e shows. As Bailarinas ou Dançarinas da Belly Dance, sempre se apresentam com roupas suntuosas, de grande luxo e brilho. As apresentações em coreografia também são bastante comuns.
Seria ainda correto afirmarmos que o ritmo de Baladi é a versão folclórica do Maqsoun ? De certa forma sim, pois  trata-se de um ritmo que se ramificou do Maqsoun e recaiu sobre um sentimento regional (folclórico).
A própria expressão "Ritmo Baladi" já nos passa a idéia de ritmo regional, mas, se observarmos mais de perto, vamos descobrir que, no caso em questão, o folclore possui um campo bem mais abrangente. Baladi representa algo mais enxuto.
Ressaltamos ainda que a Baladi também faz parte da grande divisão de versões da música árabe, vejamos:
  • Música Árabe Moderna = É a música feita com elementos novos, modernos; que foge do clássico habitual.
  • Musica Árabe Clássica = É a música feita aos moldes tradicionais, habituais ( exemplo: As canções de Abdel Halim Hafez ).
  • Música Árabe Folclórica = São as canções que nasceram do meio do povo. Representam a sabedoria popular ( o Dabke, por exemplo, é uma dança árabe folclórica muito tradicional no Líbano)
  • Música de Baladi = É a música tocada ou cantada na região, na aldeia, no vilarejo onde nascemos e crescemos. É a música que faz relembrar nossas origens, nossas raízes.
Divisão da música árabe - Versões
  • Música Árabe Moderna
  • Música Árabe Clássica
  • Música Árabe Folclórica
  • Música de Baladi
  • Baladi Folclórico
Ratificamos uma vez mais a importância de se saber  identificar corretamente o que é clássico  e o que é moderno ; o que é folclórico e o que é baladi (distinção feita por muitos músicos árabes). O Maqsoun e o tradicional Fallahi são os ritmos mais usados para a Dança do Ventre no mundo inteiro. Assim, nesses específicos casos, o que pode parecer ser uma Baladi, tratar-se-á certamente do tradicional Maqsoun.

Vitor Abud Hiar 

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Sobre concursos e afins...


Bem meninas, é do conhecimento de todas vocês que já participei de muitos concursos e incentivo minhas alunas a participarem. Mas, dentro do meio de dança do ventre este é um tema muito polêmico, que gostaria de dividir com vocês algumas coisas que acredito que são importantes para a escolha de vocês: participar ou não de concursos?

Por que a polêmica?

Muitas pessoas dizem que participar de concursos é incentivar a rivalidade entre grupos e inflar egos, colocando aqueles que ganham “acima” dos outros, como se sua arte fosse melhor.
Eu já vi muita coisa em concursos, inclusive, coisas que poderiam me fazer desistir de participar, como, por exemplo:

• Torcidas adversárias virando de costas para o palco ou fazendo pouco dos concorrentes que estavam se apresentando;
• Mães culpando a organização do evento, dizendo que o concurso era “comprado” só porque a sua filha não ganhou;
• Professoras histéricas porque o seu grupo não tinha sido o melhor e as alunas, chorando, pois tinham “decepcionado” a professora;
• Pessoas que até então participavam de tudo e, “de uma hora para outra” começaram a desdenhar de tudo aquilo, geralmente, depois de terem perdido algum concurso.

Pois é, tudo isso passa bem longe do glamour que esperam da Dança do Ventre, não é? Tendo isso em mente, podemos passar para o próximo ponto...

Por que participar de concursos?
Acredito que os concursos são um meio de divulgação do trabalho, de tornar conhecida no meio da dança, conhecer pessoas interessantes, outras nem tanto...
Mas, o principal, é que o concurso começa em sua preparação, com a escolha da música, da roupa, a elaboração de uma coreografia, os ensaios, o frio na barriga... Esse processo nos faz crescer como artistas, a criar metodologias, encarar a realidade da disciplina...
No dia do concurso, é o resultado desse processo, e acreditem ou não, se você vai ganhar ou não, isso é um detalhe, o que importa é a sua superação pessoal, ou seja, a cada concurso que você participa, receber notas melhores, encarar desafios cada vez maiores, coreografias mais difíceis, eventos mais concorridos, etc.
Claro que, neste caminho, tive avaliações ótimas, outras, nem tanto. Mas, recomendo que, verifique, quando pegar suas notas, o que te serve ou não; quais profissionais te avaliaram de forma séria e respeitosa e até conversar com ele depois, numa boa, com o intuito de aprender e crescer.
Eu participo de concursos há muito tempo. Tenho a experiência da vitória (Mercado Persa, categoria duplas, 2004) e não teve “marmelada”, nós merecemos, pois ensaiamos muito (9 horas por semana) e no momento da apresentação deu tudo certo, saiu como planejado. E também tive a experiência de ir para a final do mesmo concurso em 2006, na categoria profissional e não ganhar, e sei que também não teve “marmelada”, pois sabia que poderia ter ensaiado mais, ficado menos nervosa, etc.
Já peguei segundo lugar, terceiro, em outros, nem deveria ter saído de casa naquele dia... enfim... e estou aqui, contando história pra vocês, conseguindo passar um pouco da minha experiência pra vocês. Vale a pena participar. Pelo menos para mim. Tive alunas que não tiveram maturidade para aguentar a dor de perder um concurso. É uma pena, pois essas alunas fecharam um ciclo de possibilidades de auto-conhecimento, estudo e experiências.
Se o intuito for esse, vale a pena participar de concursos. E aí, vai encarar?
Rhazi Manat