quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Danças e Ritmos

Tahtib

Utilização do ritmo conhecido como Said

Dança tradicional masculina, hoje em dia também praticada pelas mulheres, numa versão mais suave, conhecida no Brasil como "Dança da Bengala ou Dança do Bastão".
Homens egípcios tem sempre consigo um longo cajado para reunir rebanhos, caminhar e se proteger. Sua dança chamada Tahtib é uma falsa luta iniciada pela música. Os homens se pavoneiam e mostram através da postura, sua força, então atacam e desviam os golpes de acordo com a música.
A versão feminina da dança é acerca da feminilidade. Elas fazem os movimentos graciosos e omitem a força. As mulheres ostentam sem esforço e controlam seu bastão, muito menor que o dos homens. Elas usam isto descaradamente como uma moldura para seus movimentos corporais. Alguns dos movimentos femininos lembram o "Tahtib" e alguns os homens brincando, imitam o estilo das mulheres. O nome pelo qual a dança da bengala é conhecido em árabe (para mulheres) é Raqs Al Assaya.

Khaleege ou Khaliji

Em árabe esta palavra significa "golfo"; as bailarinas utilizam-na para se referir ao estilo de música e dança do Golfo Pérsico/ Área Península Arábica - Arábia Saudita, Kwait, Bahrain, Quatar, Emirados Árabes e Oman.
É utilizado um ritmo específico que os músicos chamam "Saudi". Um conhecido cantor saudita que exemplifica o estilo Khaleege é Mohammed Abdou.
A roupa típica para esta dança seria o "Tobe al nash'ar". Ela é uma dança tradicional feminina praticada no Golfo Pérsico em festas e casamentos, mesmo hoje em dia. Cada participante usa um vestido todo bordado por cima de sua roupa normal. O trabalho dos pés nesta dança é muito simples. Os movimentos essenciais que caracterizam esta modalidade são: as torções e movimentos com as mãos e a cabeça envolvendo todo o tempo seu corpo e o vestido Khaleege.

Melea-laf

Dança folclórica egípcia, da cidade de Alexandria. Melea-laf significa “lenço enrolado”, o tempo inteiro executada com o “melea”, um lenço de +/- 3 metros, preto, pesado, às vezes bordado com pastilhas nas laterais. O melea está sempre enrolado no corpo da dançarina.

É uma dança do subúrbio de Alexandria, executada somente por mulheres. A roupa típica é um vestido, geralmente bordado com “fru-frus”coloridos, podendo até ser curto, um arranjo de cabeça também de “fru-frus”, um shador feito de crochê ou outro material que forme uma trama de “quadradinhos” no rosto, tamancos e o melea. Esta roupa, de tão colorida, lembra os figurinos de Carmem Miranda. Há quem diga que as “excandaranis” (mulheres de Alexandria) são tão irreverentes que cantam e até mascam chicletes enquanto dançam!

É uma dança muito descontraída e charmosa, e o foco principal é a destreza da bailarina nos movimentos com o melea, que durante toda a dança ganha destaque.

É fácil reconhecer uma música de Alexandria usada para esta dança, pois além de ser bem alegre e despojada, fala da mulher suburbana, e geralmente em seus refrões se ouve: excandarani (mulher de Alexandria), Excandarania (Alexandria), melea (o lenço preto).

No Cairo também se dança melea-laf, porém as músicas utilizadas podem ser não somente as de Alexandria, mas também outra que tenha um ar folclórico, alegre e irreverente.

Raks el Daff ou Dança do Pandeiro 

A dança do Pandeiro muito provavelmente tenha origem cigana, assim como todas as danças que utilizam objetos percussivos. Existem registros antigos que falam da utilização deste instrumento pelas sacerdotisas, com finalidade sagrada. Abaixo segue uma tradução feita por Marise Soares Hansen, do livro “When the drummers were women”.

“Minha pesquisa sobre a história do pandeiro levou-me a uma jornada pelo mundo das mulheres que se estende desde os tempos mais remotos. Descobri que milhares de anos, os habitantes do mundo mediterrâneo adoravam várias formas de uma Grande Deusa criadora. No centro crença sempre esteve a percussão, especialmente o pandeiro. Com ele, a Deusa regulava a dança rítmica do Cosmo – a sucessão das estações do ano, os ciclos da lua, o crescimento e amadurecimento dos grãos, as vidas das pessoas.

Fontes antigas mostram que o pandeiro era um poderoso símbolo de presença espiritual. Sacerdotisas eram hábeis nas técnicas de domínio deste instrumento. Elas sabiam quais ritmos aceleravam o processo de maturação das sementes recém-plantadas; quais facilitavam o nascimento dos bebês; quais induziam a um estado de transcendência espiritual. Guiadas pelas batidas do pandeiro, alteravam voluntariamente seu estado de consciência, viajando pelo céu, pela Terra e pelo mundo subterrâneo.

Pesquisas científicas que vão da astrofísica à biologia defendem a idéia de que o ritmo é uma força fundamental. Estudos sobre o funcionamento do cérebro sugerem que a percussão é capaz de alterar nosso estado de consciência. Proibindo o uso do pandeiro, as religiões patriarcais eliminaram o culto à Deusa e vetaram também o acesso a partes significativas da nossa mente. (...)

Dizem que quando estamos sintonizados com outra pessoa, isso é um dos grandes prazeres da vida. Apaixonar-se nada mais é do que sintonizar-se e acompanhar o ritmo de outra pessoa.

Os principais acontecimentos da vida como nascimento, morte, doença, gravidez, separação, são estressantes em partes porque quebram os ritmos pessoais e familiares. (...)A necessidade de recuperar o ritmo interrompido leva as pessoas a tentarem, ainda que inconscientemente, recuperar seu ritmo pessoal e as relações perdidas.

Em comunidades arcaicas, na Yoga Nada, em oráculos dos antigos templos, a música tem papel importante para a união com o divino. A percussão rítmica era uma habilidade necessária à cura e harmonia das pessoas, e muito respeitada entre estas mulheres.”

Dança com Jarro

Um tipo de dança Gawazzy. Esta dança surgiu quando as mulheres se dirigiam ao Rio Nilo para lavar suas roupas e buscar água.No caminho, cantarolavam e dançavam, para minimizar o cansaço e a monotonia deste trabalho.

Tradicionalmente, usam vestidos longos e rodados, bordados com pastilhas ou moedas, com mangas compridas; na cabeça, usam lenços e adornos de moedas e metal.

As músicas são folclóricas, geralmente no ritmo saaidi ou falahi. As letras sempre falam das mulheres gawazzy que vão pegar água no Rio Nilo

Sagats - Dança com Snujs

Os snujs ou sagats são quatro pequenos címbalos de metal, usados dois em cada mão, nos polegares e nos dedos médios das dançarinas. Dançar com snujs é um hábito dos povos gawazzy. A dançarina gawazzy sempre faz suas performances com os snujs. Mais tarde, foram levados ao palco para as evoluções de dança nas músicas clássicas, mostrando a habilidade e sincronia da dançarina com a música, os movimentos de seu corpo e os snujs.

Antigamente, eram maiores: quatro snujs (os pratos eram bem maiores) em cada mão ligados por duas “barrinhas”, com um snuj em cada uma das extremidades. O polegar se encaixava em uma das “barrinhas”e os outros dedos na outra. Assim, a mão abria e fechava e esses quatro pratos criavam um som muito agudo e muito alto. Até hoje os tuaregs usam esta versão mais antiga de snujs.

Pesquisas mostram que todos os instrumentos rítmicos e percussivos usados para a dança vieram de tempos remotos, com finalidade espiritual, na intenção de fazer com que seus ouvintes recuperassem seus ritmos internos e os harmonizassem com a natureza.

Afrescos e inscritos egípcios mostram que os faraós usavam o cistrom, um chocalho na forma da cruz ansata ou cruz da vida, com vários címbalos pequenos na sua curvatura, que era usado para espantar maus espíritos e atrair prosperidade.

O fato é que a remota origem deste instrumento ainda nos é um mistério.

Zambra (Flamenco árabe)

Com a invasão árabe a Espanha, a convivência entre povos orientais e europeus resultou em grande mescla cultural, e dessa mistura surgiram novas manifestações culturais, como as zambras (do árabe samra), festas mouriscas realizadas na península hispânica, principalmente na região da Andaluzia. Essas festas eram caracterizadas por muita música, danças, aplausos e alaridos, manifestando toda a alegria, vitalidade e espontaneidade dos povos orientais e ciganos.
A Zambra, ou Flamenco árabe é, portanto, a fusão de movimentos de danças de povos nômades ancestrais. Para ficar mais claro, é só observar um pouco da formação etnológica da população da Andaluzia, anterior ao surgimento do flamenco:
Tartésico - habitantes das cidades ao Sul da Espanha, estabelecidos principalmente na região do vale de Guadalquivir. São povos descendentes das dinastias egípcias, que viviam à margem do Nilo. De seus ancestrais herdaram à ligação ao mundo espiritual e à magia.

Dança da espada

 Existem várias lendas para a origem da dança da espada. Uma delas diz que é uma dança em homenagem à deusa Neit, uma deusa guerreira. Ela simbolizava a destruição dos inimigos e a abertura dos caminhos. Uma outra, diz que na antigüidade as mulheres roubavam as espadas dos guardiões do rei para dançar, com o intuito de mostrar que a espada era muito mais útil na dança do que parada em suas cinturas ou fazendo mortos e feridos. Dançar com a espada permite equilíbrio e domínio interior das forças densas e agressivas. Uma terceira lenda conta que na época, quando um rei achava que tinha muitos escravos, dava a cada um uma espada para equilibrar na cabeça e dançar com ela. Assim, deveriam provar que tinham muitas habilidades. Do contrário, o rei mandaria matá-lo. O certo é que, nesta dança, a bailarina deve saber equilibrar com graça a espada na cabeça, no peito e na cintura. É importante também escolher a música certa, que deve transmitir um certo mistério. Jamais se dançaria um solo de Derbak com a espada.

Ritmos

Ayyub
É um ritmo 2/4 simples e rápido, usado para acelerar (ou "aquecer") uma performance.
Ele se encaixa bem com outros ritmos, e geralmente é utilizado para "acentuar" outro ritmo. Não é executado durante tempos muito longos, pois torna-se monótono.

Baladi
Este é um ritmo inserido no grupo dos derivados do Maqsum. Maqsum simples é a base de muitos ritmos e especialmente importante na música egípcia. Se você escuta música oriental com acopanhamento de percussão, certamente reconhece o tradicional DT-TD-D do Maqsum. O Baladi é uma versão folclórica do significado da terra, do campo e envolve no Egito um pouco de regionalismo Maqsum, caracterizado pelos familiares dois dums que lideram a frase. Este ritmo é muito típico aparecendo com frequência na música para Dança Oriental. O Dum duplo tende a submergir quando há acompanhamento melódico por isso, às vezes, pode não ser ouvido de imediato, então utiliza-se como base, uma versão simples de Maqsum. Existem inúmeras variações do Baladi, e algumas possuem seu próprio nome, como por exemplo o Masmoudi Saghir (Masmoudi "pela metade"). Alguns músicos afirmam que o Baladi é, na verdade, uma versão folclórica do Maqsoum.
D - D - t k t - D - t k t

Chiftitelli
Ritmo 8/4, que é executado lentamente (comparando-o ao Baladi, por exemplo). Originou-se provavelmente na Grécia ou na Turquia. Além de ser utilizado na Raks Charky, também é utilizado na Turquia, como dança de casais.
D - t k t - t - t k t - t - t k t - t k t - t k t

El Zaffa
Ritmo 4/4 egípcio utilizado em cerimônias de casamento. Dançarinos e músicos (tocando Mazhar E Daff) acompanham o casal de noivos, na entrada e na saída da cerimônia.

Fallahi
A palavra Fallahi significa algo criado por um Fallahin - fazendeiros egípcios, que utilizavam este ritmo 2/4 nas suas canções de celebração. Geralmente é tocado duas vezes mais rápido que o Maqsoum.

Karachi
Ritmo 2/4, rápido, amplamente utilizado no Egito e no norte da África (apesar de não ser um ritmo egípcio). Este não é um ritmo comum, porque ele começa com um TAK (que é uma batida aguda, diferente do DUM, que é uma batida grave).

Malfuf
Ritmo 2/4 egípcio bastante utilizado na Dança do Ventre, sobretudo nas entradas e saídas do palco.

Maqsoum
Maqsoum significa "cortado ao meio". É um ritmo 4/4 amplamente utilizado no Egito. Possui duas variações, uma rápida (normal) e uma lenta. Se tocado da forma mais lenta, torna-se uma variação de Masmoudi.

Masmoudi
Ritmo 8/4 egípcio. Possui duas partes, cada uma com 4 tempos. O Masmoudi Kebir (Kebir = grande) é também chamado "Masmoudi de Guerra", devido à sua cadência agressiva (ele se distingue do Masmoudi Saghir).

Saaid
Ritmo 4/4, originário de El Saaid, no Alto Egito (era chamada originalmente Raks Al Assaya). Ritmo utilizado para a Dança da Bengala (ou Dança do Bastão), muito praticada pelas mulheres egípcias (às vezes acompanhadas de homens, executando movimentos masculinos), onde são utilizadas bengalas ou longos bastões. Ela é uma referência a uma dança marcial masculina chamada Tahtib.

Samaai
Ritmo amplamente utilizado na música clássica egípcia. Possui uma sequência de três partes: uma com 3 tempos, uma com 4 tempos e uma com 3 tempos. Juntas, compõem um ritmo 10/8 utilizado nas composições chamadas Samaaiat.

Soudi
Ritmo utilizado para o Khalij (dança folclórica do Golfo Pérsico).

Taqsim
É uma improvisação que não possui ritmo ou estrutura definidos. Pode representar o solo de um determinado instrumentista dentro de uma composição, ou mesmo constituir a própria composição. É tocado sem instrumentos de percussão e frequentemente por um só instrumento. Tradicionalmente, é utilizado para fazer a parte lenta de uma música. O músico está livre para fazer o que quiser, favorecendo um momento especial de expressão pessoal.

Vals
Ritmo 3/4 utilizado na música egípcia e também na música ocidental.

Zaar
Ritmo 2/4. A dança egípcia Zaar é realizada para afastar maus espíritos. São feitas oferendas de caças, carneiros, cabras, novilhos ou camelos jovens, num tipo de ritual.

Solo de Percussão
Um solo reunindo variados ritmos árabes no qual, entre os instrumentos de percussão, destaca-se o Derbak.

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